“Liberdade e Democracia Social, Sempre!” | Eduardo Graça

Cara Senhora Ministra, Ana Mendes Godinho,
Cara e caros Senhora e Senhores Secretários e Estado,
Caro Senhor Comissário Executivo Adjunto da Comissão – Comemoração 50 anos, João Faria,
Cara Senhora Secretária-Geral, Maria João Lourenço,
Cara Senhora Presidente do IGFSS, Teresa Fernandes,
Caras e caros dirigentes,
Minhas Senhoras e senhores,

O que nos reúne é a comemoração do cinquentenário do 25 de abril de 74. O que aqui nos traz é a celebração da memória para que nunca nos falte, sejam quais forem os desafios com que nos confrontemos nas esferas pessoal, social ou institucional. A palavra-chave desta celebração é: liberdade.

Por circunstâncias geracionais coube-me participar diretamente, de forma modesta, nos eventos daquela madrugada. Cumprindo o SMO, à época no 2º GCAM ali onde hoje está instalada a lusófona, fui convocado pelo Capitão Teófilo Bento para conhecer as senhas e, a propósito, dar alguma informação acerca da eventual existência de potenciais conjurados milicianos no quartel-general da RM de Lisboa. Não havia. Ficámos assim e, na dita madrugada, avancei com dois camaradas de armas, após reconhecer as senhas na rádio, pela 2ª circular diretos ao Campo Grande. Lá chegados, uma primeira vez, nada vimos de assinalável e voltámos para uma segunda volta. Eis quando chegados próximos do nosso destino nos deparámos, de frente, com a coluna militar que, soubemos depois, vinha de Santarém comandada por Salgueiro Maia.

Perante o dilema de entrar no quartel cumprindo a missão, ou seguir a coluna, resolvemos seguir a coluna. Lá fomos desde o Campo Grande até à Rua do Arsenal. A coluna estacou aí e tivemos de optar de novo. Ficar ou seguir viagem para o quartel. Seguimos. No caminho cruzamo-nos com a coluna que saída de Cavalaria 7 e vinha fazer frente à de Santarém. Da nossa observação imediata a desproporção de forças era enorme em favor da de cavalaria 7.

A história deste confronto é conhecida, e está descrita com pormenor. Nessa madrugada a coragem serena de Maia resolveu o 25 de abril. Nós ajudámos a ocupar o quartel e preparámos a sua defesa. A exaltação do momento único que vivíamos não foi perturbada por qualquer confronto relevante. Não ouvi um tiro, somente pela manhã o estalar de alguns foguetes.

Não esqueço as marcas gravadas a fogo na minha memória pelo 25 de Abril de 1974, nem as pessoas admiráveis com as quais vivi esse sonho inigualável que foi a reconquista da liberdade. Se a nossa consciência de homens livres tem algum valor preservemos a capacidade de não nos deixarmos aprisionar pelo esquecimento e pelo medo. Para que nunca se cumpra o receio que Jorge de Sena, um dia, expressou nos seus versos: “Liberdade, liberdade, tem cuidado que te matam.”

A ideia do MTSSS assinalar esta efeméride justifica-se pela própria descrição contida, hoje, no título deste Ministério: Trabalho, Solidariedade, Segurança Social. O que é dizer que nele se envolve toda a comunidade nacional na busca de soluções para fazer minguar as desigualdades em prol de uma sociedade mais justa e fraterna. Não são necessárias muitas mais palavras.

A tarefa que me foi cometida neste âmbito pela Senhora Ministra, que saúdo pela sua energia, vontade e capacidade de fazer, não é mais do que promover uma confluência, o mais plena e harmoniosa possível, da energias e vontades, livremente assumidas, de dirigentes e trabalhadores dos organismos do perímetro do MTSSS, com o fim de comemorar, com dignidade, o cinquentenário do 25 de abril.

Deixo uma referência ao programa das comemorações que se torna presente e resulta do trabalho colaborativo, e em progresso, no qual confluem as ideias, iniciativas e projetos de uma plêiade de trabalhadores, alguns investidos na qualidade de dirigentes do MTSSS. O conteúdo que se verteu para a brochura hoje apresentada é somente uma parte do programa que é mais vasto e complexo e que estará disponível, em continuidade, através do website que lhe é dedicado. Permitam-me que sublinhe a presença da OIT neste programa através de uma exposição, e apresentação de livro, iniciativas a realizar em parceria com a Casa Pia, evocando os cem anos da história da relação entre Portugal e a OIT. Também a construção, partilhada por todos, de um ebook com os marcos das políticas sociais e a realização de um Fórum Nacional do Trabalho, Segurança Social e Solidariedade no âmbito do qual se pretende promover um debate sério e aprofundado acerca dessas mesmas políticas.

Agradeço à senhora Comissária Executiva das Comemorações, Maria Inácia Rezola, que não pôde estar presente e ao senhor Comissário executivo adjunto, João Faria, aqui presente, por todo o interesse pelos nossos trabalhos. Agradeço, por fim, à Senhora Ministra e equipa governamental do MTSSS, aos dirigentes e trabalhadores do MTSSS pelo seu empenho e entusiasmo na concretização deste projeto, que se irá desdobrar e prolongar no tempo.

Viva o 25 de abril, Liberdade e Democracia Social, Sempre!

Eduardo Graça

Presidente da Cooperativa António Sérgio